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sábado, 24 de janeiro de 2009

A Implosão da Ética

O pânico é geral. O medo anda nos rondando como lobo esfaimado. Nós, mansas e brancas ovelhinhas, apenas aguardamos o golpe, a dentada na jugular. O mundo está se desfazendo sob o impacto de uma crise sem precedentes. Há quem chame tal crise de demoníaca. Sim, algumas religiões não perdem tempo para afirmar que é o Armagedon, o Apocalipse que se anuncia.
Eu, de minha parte, ouso dizer que tudo decorre de uma crise ética. Nunca se falou tanto na dita cuja e, paradoxalmente, nunca se viu tão pouca por aí. Acho que até seu significado se deturpou. Por isso, trago à baila minha humilde e talvez vaga concepção sobre ela.
Ética é o estudo dos juízos sobre a conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. Com tais juízos, tomamos consciência do bem ou do mal que resultam das nossas ações em relação a nós mesmos e/ou aos nossos semelhantes.
É incrível como em todas as nossas ações estamos praticando o bem ou o mal. Das mais simples, como fumar um cigarro, fazer exercícios físicos, comer ou beber em demasia, até as atividades mais complexas, como estabelecer uma relação afetiva, exercer uma atividade profissional ou atuar como líder político.
Precisamos ter consciência ética de cada um de nossos atos, buscar a própria felicidade, respeitando a dos outros, ter virtudes, ter moral, eleger o bem como valor a ser perseguido, independente da religião. Fazer o bem esperando a recompensa do paraíso talvez nem seja tão ético.
O indivíduo ético não quer o gozo e a riqueza às custas da infelicidade de ninguém. Toda conquista humana sem ética tem o gosto amargo da falta de mérito, do vazio de um mundo sem valores, construído com os tijolos da mentira, da pequenez, do desamor e da miséria.
Ser ético é a condição sem a qual ninguém pode alcançar a grandeza, o saber, o progresso e, principalmente, a felicidade. Talvez o mais antigo e importante preceito ético seja “amar ao próximo como a si mesmo”. E reparem que podemos tirar dele qualquer coloração religiosa que ele continuará tão válido quanto antes, ou talvez mais.
Se o mundo irá se desfazer de fato, se as profecias dos livros apocalípticos de confirmarão, isso eu não sei. Mas sei que podemos fazer do nosso planeta – ou do que resta dele – um lugar melhor para viver, se compreendermos e colocarmos em prática esta pequena palavra.

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