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domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Implosão da Ética II

Como já aconteceu em outras oportunidades, dependendo do assunto abordado, recebi inúmeros e-mails e comentários sobre minha última coluna. Óbvio, o assunto ética não se esgota em uma, nem em dez crônicas jornalísticas de espaço reduzido. Poderia escrever um tratado – como tantos melhores que eu fizeram – e ainda assim meandros importantes dela ficaram de fora.
Mas o que achei mais interessante foi o fato de que todos que me abordaram ligaram a palavra – ou conceito, como queiram – à política. Isso mesmo com o fato de eu ter me esmerado em atribuir à ética uma concepção relativa ao indivíduo. Talvez eu tenha falhado em meu intuito. Talvez as pessoas só pensem em ética quando diretamente relacionada à política.
A felicidade pessoal tem íntima relação com a conduta ética, assim como o progresso e a qualidade de vida de um país tem estreita relação com o padrão ético dos seus governantes. Mas as pessoas parecem esperar que os políticos tenham ética, para que depois a tenham também. Acho que é mais fácil e provável que o povo a tenha antes, para formar políticos éticos depois. E isso, obviamente, só será alcançado através de uma educação de primeira.
O que vemos nos pleitos de hoje é a antiética. É a total indiferença ou ignorância ideológica partidária. É o descaso para com qualquer regra moral ou mesmo de etiqueta. Nossos “homens do povo” trocam de partido como quem troca de sapatos (reparem que os sapatos nos sustentam e são sempre pisados).
Nós imaginamos que um indivíduo, ao se filiar num partido, tenha lido o estatuto do mesmo e não só concordado com ele, como tentará fazer o possível para pô-lo em prática. Então como pode, tempos depois, por um carguinho ou salário, renegá-lo, execrá-lo, e abraçar outro completamente oposto? Que ética é essa? Este “político” está demonstrando que seu objetivo é puramente financeiro e egoísta (logo ele que jurou amor ao povo). E como pode esse antigo adversário (o partido político oposto) aceitar um indivíduo desses no seu corpo. Esse partido também não é ético, pois tacitamente está aprovando uma atitude antiética.
Não é uma questão de que lado se está. Não é uma questão de quanto se vai ganhar ou perder. É uma questão de caráter, de compromisso. De ser Ético, primeiro com seus próprios ideais, depois com o povo, que ele representa.
Sim, tem razão os meus leitores ao escreverem que a política é o maior palco da Implosão da Ética. E está contaminando todo o resto.

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