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domingo, 17 de maio de 2009

Trabalho

Há os que querem trabalhar e não têm emprego. Há os que têm emprego e não trabalham. Conseguem o prodígio de passar horas dentro de uma repartição, sem fazer nada. Há o trabalho intelectual, que às vezes é mais cansativo que o físico. E o trabalho físico, com seu suor sagrado.
O trabalho pode ser entendido de duas formas distintas. Se ficarmos com o radical grego, érgon, devemos entendê-lo como a aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar determinado fim.
Observe que você não estará trabalhando plenamente se não escolher um fim a ser atingido e se não colocar nele todas as suas capacidades. O verdadeiro trabalho não se faz só com as mãos, mas também com a razão e o coração. É mais que simples práxis.
Há, também, uma origem para a palavra trabalho que vem do latim vulgar, tripaliare, que significa martirizar com o tripalium (instrumento de tortura). De fato, o trabalho escravo, o trabalho de um homem que não escolheu fazê-lo, pode ser um martírio. Hoje em dia, infelizmente, quase já não se pode escolher o ofício.
Nosso trabalho deve ser érgon, do grego, força viva que transforma a natureza, a sociedade e, principalmente, quem o executa. “Ganharás o pão com o suor do teu rosto”, mas, na verdade, ganharás muito mais; ganharás respeito por ti mesmo. Claro que o melhor seria termos condições de viver viajando, conhecendo pessoas e culturas, aproveitando a vida, como dizem. Não vou ser tão cínico afirmando que a melhor coisa do mundo é o trabalho. Mas como aproveitar a vida “dignamente” sem trabalhar? Como se sentir livre dependendo da mesada do pai, do marido rico ou através de meios ilícitos?
Nesse sentido o trabalho aparece como libertação e não como prisão. E quando descobrirmos prazer em nossos ofícios, o fardo se transformará em benesse.

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