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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Poema IV - Do Útero do Mundo

(poema premiado no concurso de poesias da Fenavinho - 2006)
ara e revolve a terra
poda e enxerta a planta
o tombador de sementes brandas
com tamanho intento na língua
que uma ânsia incita salivas
tudo feito com exata ciência
e tomba a vida à videira
e sonha o vinho à garganta
nem foi ele a inventar o néctar
que não esperou pra ser inventado
está lá desde sempre, madurando
onde quer que uvas tombadas
retenham sucos fermentados
inculto alquimista é o que tomba
e não domina a ciência do grão
em algum lugar da videira
o tombador se embriaga da polpa
e pousa o cálice ardente
nele pousa o sangue e a lágrima
tinto branco ou rosé
ardendo na sede sagrada
que melhor será saciada
quanto mais souber esperar.

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