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domingo, 4 de julho de 2010

Versos Profanos

(Leandro Angonese – Maneco Editora – 86 páginas)



Para o poeta, tudo motiva a versificação. Até mesmo as coisas cotidianas são re-significadas através do bom poema. Temos então a oportunidade de perceber o extraordinário nas coisas ordinárias. Esta é uma das funções da poesia: dar cores novas ao desbotado da realidade.

Leandro Angonese alcança este objetivo de forma natural em “Orações de um Ateu”, e pode ser considerado “Um Herege dos Versos”. Heresia que, conforme o dicionário, é toda doutrina contrária aos dogmas da igreja; um absurdo, um contra-senso. Ora, mas não é justamente isso a poesia, um disparate?

Membro da Litteris Te Deum e vencedor de uma porção de prêmios literários, Leandro é um persistente, um corajoso.

Por falar em coragem, este livro requer muita do leitor. Assim como exigiu e continuará exigindo do autor. Porque o que temos nas mãos é um missal re-significado sob o olhar poético de um incrédulo – pelo menos das religiões - que não está preocupado com vendas, nem com o inferno. Está, sim, em busca da expressão sincera de sua visão de paraíso.

Adentremos, pois, em sua profissão de fé. Sentiremo-nos acolhidos com seus ritos, cantos, liturgias e preces. Comunguemos juntos do êxtase profano de suas tiradas sarcásticas e desconcertantes. Que as orações deste ateu despertem em nós o que para ele é tão caro: sentimentos nobres e senso crítico, independente de nossas crenças.

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