É absolutamente aterrador o descaso que nossa sociedade ainda tem para com a atividade intelectual. É inadmissível que veículos de imprensa ainda tenham a cara de pau de solicitar a escritores e intelectuais para escreverem "de graça" em seus periódicos, ou que escolas e outras entidades peçam palestras e oficinas de forma voluntária. Não devemos favor a ninguém. O escritor pagou, de uma forma ou de outra, para chegar onde chegou, para adquirir o conhecimento que adquiriu. Os livros de sua biblioteca, os cursos, as viagens, o tempo de estudo, nada veio de graça. Por que essa mania de achar que temos de dar o que sofremos tanto para conquistar? Se alguém chama um encanador para arrumar o vaso sanitário entupido, tem o desplante de pedir que o faça gratuitamente? Não, todos pagam sem pestanejar. Inclusive as escolas e os jornais, que vivem reclamando que não tem verba para nada. Então, por que com os escritores é assim? Se somos tão dispensáveis, por que nos chamam tão frequentemente? É preciso profissionalizar o mercado. Chega de amadorismo. Todos ganham dinheiro - os editores, os livreiros, os sebos - menos os autores. Isso tem que acabar, caso contrário nunca teremos uma literatura forte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário