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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Náusea


(Jean Paul Sartre – Editora Nova Fronteira – 254 páginas)

Por Luis Narval
          Se descobríssemos, ao dobrar uma esquina, ao saudarmos um amigo, ao emitirmos um juízo qualquer de valor, que nada faz sentido? Que o que nos ensinaram, todos o seres, objetos e conceitos que aprendemos a prezar; tudo aquilo no qual investimos tanta energia: um difícil aprendizado, a dura lição da convivência, a extremada experiência da solidão, não passam de um embuste? Que por trás de nossas reluzentes ou mal-ajambradas máscaras não passamos, também nós, de um deplorável auto-engano? Foi isso, em essência, que Antoine Roquentin, herói de “A Náusea”, de Jean-Paul Sartre descobriu. Sob o impacto desta revelação suas bases ruíram, e com elas seu poder de emprestar significado às coisas. E o que restou-lhe foi uma sensação de vazio, a qual ele chama de a náusea.
          Mas isso, por paradoxal que pareça, representou uma esperança, um convite à retomada de consciência, onde no lugar da mentira foi instaurado um anelo de libertação, que também a nós, seus leitores, é ofertado. Alguém se habilita?

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