Aí está a sequência de minha poesia "Dulcinéia de Fumaça", finalista da "5ª Querência da Poesia Gaúcha" e que acabou dando o 2º lugar ao nosso Amadrinhador, Raul Sartor Filho. Parabéns a todos, o evento foi um grande sucesso. Creio que havia mais de 1000 pessoas nos assistindo.
A poesia já consta no livro que estava sendo distribuído na noite de sábado, e fará parte do CD e do DVD que ficará pronto em breve.
Senta-se à pedra, ronda lonjuras
como a ver algo que se aproxima
ressurreição de um mito, uma sina
na solidão da campanha
que à fumaça divina se assanha
em silvos de vento no rosto
como se fosse do seu gosto
sorver do cachimbo as agruras.
Ouve uma voz e não medra
algo sutil, pedregoso
mas é fumo em estado gasoso
que lhe inspira fiel culto
naquela fumaça vê um vulto
vindo do centro do universo
que vai lhe ditando versos
brotando por entre a pedra.
Nas mãos empunha um caderno
nele se curva, sombrio-alegre
ainda menos sombrio que alegre
e vai rasurando poesia
mas só dura um tempo a alegria
tempo de fumaça e cachimbo
o sorriso cai logo no limbo
onde dorme seu amor eterno.
Naquele Reino de Sacrifício
o velho lambe saudades
tempo ido, outras idades
de gineteadas, caminhos
nem quer enfrentar moinhos
duelos já não quer mais
e tal e coisa e coisas tais
só quer se acabar no vício.
Certo dia, por curiosidade
pedi ao velho, que fumava triste
diz meu pai, que mistério existe
neste cachimbo que vai à boca
qual acalanto, coisa louca
espanta a dor da tua querência
o que vês, ou qual ausência
te inspira versos de saudade.
Foi muito simples o que indaguei
ele tragou, foi respondendo
se tu visses o que estou vendo
fumarias mais do que fumo
o cachimbo mantém meu rumo
pois na fumaça que vai soltando
vejo pouco a pouco se formando
a imagem da china que amei.
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