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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ainda Dulcinéia...

          Aí está a sequência de minha poesia "Dulcinéia de Fumaça", finalista da "5ª Querência da Poesia Gaúcha" e que acabou dando o 2º lugar ao nosso Amadrinhador, Raul Sartor Filho. Parabéns a todos, o evento foi um grande sucesso. Creio que havia mais de 1000 pessoas nos assistindo.
          A poesia já consta no livro que estava sendo distribuído na noite de sábado, e fará parte do CD e do DVD que ficará pronto em breve.


Senta-se à pedra, ronda lonjuras

como a ver algo que se aproxima

ressurreição de um mito, uma sina

na solidão da campanha

que à fumaça divina se assanha

em silvos de vento no rosto

como se fosse do seu gosto

sorver do cachimbo as agruras.
 


Ouve uma voz e não medra

algo sutil, pedregoso

mas é fumo em estado gasoso

que lhe inspira fiel culto

naquela fumaça vê um vulto

vindo do centro do universo

que vai lhe ditando versos

brotando por entre a pedra.



Nas mãos empunha um caderno

nele se curva, sombrio-alegre

ainda menos sombrio que alegre

e vai rasurando poesia

mas só dura um tempo a alegria

tempo de fumaça e cachimbo

o sorriso cai logo no limbo

onde dorme seu amor eterno.



Naquele Reino de Sacrifício

o velho lambe saudades

tempo ido, outras idades

de gineteadas, caminhos

nem quer enfrentar moinhos

duelos já não quer mais

e tal e coisa e coisas tais

só quer se acabar no vício.



Certo dia, por curiosidade

pedi ao velho, que fumava triste

diz meu pai, que mistério existe

neste cachimbo que vai à boca

qual acalanto, coisa louca

espanta a dor da tua querência

o que vês, ou qual ausência

te inspira versos de saudade.



Foi muito simples o que indaguei

ele tragou, foi respondendo

se tu visses o que estou vendo

fumarias mais do que fumo

o cachimbo mantém meu rumo

pois na fumaça que vai soltando

vejo pouco a pouco se formando

a imagem da china que amei.
 

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