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sábado, 18 de agosto de 2012

A Festa

Uili Bergamin


Como todo leitor que se preze, andei circulando por nossa Feira do Livro nos últimos anos. E como sempre, ela surpreende. A Feira é uma Festa, como respondi a uma repórter que me abordou dia desses entre os saldos de uma banca.

Para mim, pelo menos, é Festança. O local onde encontro amigos, onde conheço gente bacana e onde gasto meu dinheiro com prazer. Danço entre uma livraria e outra, ouço músicas vindas de bocas diversas. Músicas de qualidade, como as de Nélida Piñon, Daniel Munduruku, de nosso Pozenato, entre outros. Local onde as crianças se divertem e mostram-se felizes. Onde adultos desenvolvem olhares sequiosos por conhecimento. Tem coisa mais bonita que uma criança, ou mesmo um adulto, atento às palavras de um mestre, bebendo de suas palavras, na ânsia por se tornar pessoa melhor? Ora, isso é raro e, portanto, digno de nota.

A Feira é também local de troca. Escritores trocam com escritores. Leitores trocam com escritores. Leitores trocam com leitores. Trocam livros, experiências, elogios e críticas. Tudo muito bem-vindo. A Feira é democrática, é do povo. A Feira é um mundo. O mais próximo do ideal que se pode chegar.

Nossa Festa, para quem não sabe, é a segunda maior do estado. Nosso estado, para quem não sabe, é um dos que mais lê no Brasil. E nossa região, a da Serra Gaúcha, é uma das que mais consome livros no Rio Grande do Sul. Isso nos coloca muito bem na foto, e uma foto nessa Festa, nos faz até mais belos. Sempre pode melhorar, é verdade, e deve melhorar, mas comparativamente ao resto do país, estamos muito bem, obrigado.

Nossa Feira é exemplo. Um belo exemplo que vem sendo seguido por outras cidades. Tive o prazer de ser convidado para outras, em todo o estado: Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Veranópolis, Gramado, Carlos Barbosa, Nova Prata, Passo Fundo, entre outras, são municípios que passam a valorizar cada vez mais o saudável hábito da leitura. Sem contar as escolas, que dentro de seus muros passam a também promover Feiras aos pais e alunos. Eis uma das poucas iniciativas com real potencialidade de transformar o mundo (antes as pessoas, pois esta é a ordem).

Assim, fica minha dica para que participem destes eventos. Prestigiem. Tenham a pretensão de torná-los ainda maiores. Deixem de tomar algumas cervejas, aguardem mais um pouco para trocarem de sapatos. Seu time não irá perder o jogo de você deixar de ir ao estádio uma única vez.

Quem sabe um dia não nos igualemos aos países de primeiro mundo em termos de leitura. E, tenho certeza, assim que isto acontecer, em pouquíssimo tempo seremos país de primeiro mundo em todos os sentidos.

Vá à Feira. É uma Festa.

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