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sábado, 15 de setembro de 2012

Moral da História

Terchos da entrevista concedida a João Pulita, publicada no jornal Pioneiro em janeiro de 2011.


Para Uili Bergamin, escrever é um exercício estético

O bento-gonçalvense Uili Bergamin, cheio de projetos, todos literalmente no papel, é filho de José Carlos e Ilma Bergamin. Descubra Uili nas entrelinhas.

Qual sua lembrança mais remota envolvendo os livros?
Um livro sobre sexualidade. Eu devia ter uns seis ou sete anos. Desde então, descobri que a cegonha é uma farsa.

Qual o primeiro livro que leu e modificou sua história?
Romeu e Julieta. Descobri o poder estético e redentor da palavra.

Qual é o personagem da literatura que gostaria de ter criado?
Dom Quixote, sem dúvida.

Como se descobriu escritor?
Na adolescência.A folha branca foi o meio.

Como se interpreta, criador ou criatura?
Os dois. Os livros que li criaram o Uili. O Uili hoje cria livros.

Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época de escola?
Virginia Woolf.

Dos livros que escreveu, qual é o filho predileto?
O Sino do Campanário me colocou no mapa da literatura regional, mas Contos de Amores Vãos é a minha obra mais bem acabada.

Obras que nunca saem da cabeceira?
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago; Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez; Contraponto, de Aldous Huxley; e Sidarta, de Hermann Hesse.

O que pensa sobre a literatura em formato digital?
Penso que é mais um dos suportes que o livro utiliza durante sua história.

Como mensura a importância da leitura, para você e para o homem contemporâneo?
Por meio dos livros evitei muitos vícios, abri meu campo de visão e descobri que o mundo é do tamanho do meu sonho, como diria Fernando Pessoa.

Que livro jamais emprestaria?
Pantaleão e as Visitadoras, que tem o autógrafo do prêmio Nobel de Literatura 2010, Vargas Llosa.

O ‘the best’ do best-seller?
O Nome da Rosa, de Umberto Eco.

Qual a maior loucura que já fez pela paixão por livros?
Achar que posso viver deles um dia.

O ato de escrever é...
... catarse, organização dos meus pensamentos, um exercício de estética.

Seus mestres são...
... Tchekhov, Machado de Assis e Jorge Luis Borges.

Quem conta um conto aumenta um ponto e...
... imortaliza uma ideia, seja ela boa ou má, o que é um perigo.

Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa?
Adeus.

Livro que sempre quer reler?
Moby Dick.

Um ditado popular?
Entre a arte e a vida, eu escolho a vida.

Hábito do qual não abre mão?
A leitura.

Se pudesse salvar apenas uma grande obra do mundo, qual seria e por quê?
Dom Quixote, pois é um monumento à imaginação.

Uma pergunta que não quer calar?
Por que o ser humano, que possui tanto conhecimento produzido e imortalizado, continua cometendo os mesmos erros de seus ancestrais?

De que maneira conjuga o verbo amar?
Amar é um verbo intransitivo, como diria Mário de Andrade.

Gostaria de ter sabido antes...
... que devo contar menos com Deus e mais comigo mesmo.

Que pedido faria ao gênio da lâmpada?
Tornar o Brasil um país de leitores.

Se não fosse escritor seria...
... compositor.

Eu sou:
Citando Clarice Lispector, “a única verdade é que eu vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais.”

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