Terchos da entrevista concedida a João Pulita, publicada no jornal Pioneiro em janeiro de 2011.
Para Uili Bergamin, escrever é um exercício estético
O bento-gonçalvense Uili Bergamin, cheio de projetos, todos literalmente no papel, é filho de José Carlos e Ilma Bergamin. Descubra Uili nas entrelinhas.
Qual sua lembrança mais remota envolvendo os livros?
Um livro sobre sexualidade. Eu devia ter uns seis ou sete anos. Desde então, descobri que a cegonha é uma farsa.
Qual o primeiro livro que leu e modificou sua história?
Romeu e Julieta. Descobri o poder estético e redentor da palavra.
Qual é o personagem da literatura que gostaria de ter criado?
Dom Quixote, sem dúvida.
Como se descobriu escritor?
Na adolescência.A folha branca foi o meio.
Como se interpreta, criador ou criatura?
Os dois. Os livros que li criaram o Uili. O Uili hoje cria livros.
Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época de escola?
Virginia Woolf.
Dos livros que escreveu, qual é o filho predileto?
O Sino do Campanário me colocou no mapa da literatura regional, mas Contos de Amores Vãos é a minha obra mais bem acabada.
Obras que nunca saem da cabeceira?
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago; Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez; Contraponto, de Aldous Huxley; e Sidarta, de Hermann Hesse.
O que pensa sobre a literatura em formato digital?
Penso que é mais um dos suportes que o livro utiliza durante sua história.
Como mensura a importância da leitura, para você e para o homem contemporâneo?
Por meio dos livros evitei muitos vícios, abri meu campo de visão e descobri que o mundo é do tamanho do meu sonho, como diria Fernando Pessoa.
Que livro jamais emprestaria?
Pantaleão e as Visitadoras, que tem o autógrafo do prêmio Nobel de Literatura 2010, Vargas Llosa.
O ‘the best’ do best-seller?
O Nome da Rosa, de Umberto Eco.
Qual a maior loucura que já fez pela paixão por livros?
Achar que posso viver deles um dia.
O ato de escrever é...
... catarse, organização dos meus pensamentos, um exercício de estética.
Seus mestres são...
... Tchekhov, Machado de Assis e Jorge Luis Borges.
Quem conta um conto aumenta um ponto e...
... imortaliza uma ideia, seja ela boa ou má, o que é um perigo.
Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa?
Adeus.
Livro que sempre quer reler?
Moby Dick.
Um ditado popular?
Entre a arte e a vida, eu escolho a vida.
Hábito do qual não abre mão?
A leitura.
Se pudesse salvar apenas uma grande obra do mundo, qual seria e por quê?
Dom Quixote, pois é um monumento à imaginação.
Uma pergunta que não quer calar?
Por que o ser humano, que possui tanto conhecimento produzido e imortalizado, continua cometendo os mesmos erros de seus ancestrais?
De que maneira conjuga o verbo amar?
Amar é um verbo intransitivo, como diria Mário de Andrade.
Gostaria de ter sabido antes...
... que devo contar menos com Deus e mais comigo mesmo.
Que pedido faria ao gênio da lâmpada?
Tornar o Brasil um país de leitores.
Se não fosse escritor seria...
... compositor.
Eu sou:
Citando Clarice Lispector, “a única verdade é que eu vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais.”
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