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sábado, 24 de agosto de 2013

Entrevista à Paula Cajaty - Rio de Janeiro

Uili Bergamin é um dos melhores exemplos da força literária de Caxias do Sul. Além de se destacar ganhando inúmeras premiações literárias na Serra Gaúcha, ele escreve para jornais e revistas, participa dos eventos culturais das charmosas cidades sulistas, escreve livros que viram best-sellers nas escolas caxienses  e ainda tem fôlego para bancar um blog onde ele conta suas andanças e informa o que há de novo Brasil afora. Longe dos livros, Uili ainda mostra que é excelente anfitrião, conhece o Sul de olhos fechados e faz questão de convidar seus amigos e escritores a provarem (e lerem) o que Caxias tem de melhor.


Paula: Na biografia que consta em seu blog, você destaca, em primeiro lugar, logo após sua mudança para Caxias do Sul, o fato de ter vencido diversos prêmios nacionais e internacionais. Você acha que, para um autor estreante, a disputa em concursos e premiações traz mais experiência literária, ou apenas mais notoriedade?

Uili: No meu caso, posso dizer que trouxe as duas coisas. O fato de escrever para concursos obriga a duas situações: primeiro, achar um assunto original, depois escrevê-lo da melhor forma possível. Isso acaba trazendo experiência e os prêmios indicam que você está no caminho certo. Claro que não podemos levar isso à risca. Todo concurso é relativo. Mas no meu caso, os prêmios acabaram me tornado conhecido antes mesmo de ter um livro publicado. Já havia uma expectativa por parte do público e acredito que boa parte da procura por meu primeiro título se deveu a isso.
Paula: Sua obra de estreia é uma coletânea de contos 'O sino do campanário', que teve excelente repercussão de mídia e público, alcançando inclusive as salas de aula (e de cinema) de toda a Serra Gaúcha. Há, no entanto, autores e editores que desdenham da importância dos livros de contos. O que o motivou a trilhar esse caminho e publicar contos em sua estreia?
Uili: Foi puro acaso. Na verdade comecei escrevendo poesias e sempre achei que meu primeiro livro seria em versos. O que aconteceu foi que participei de uma espécie de concurso, cuja premiação era a publicação da obra. Inscrevi “O Sino do Campanário”, coletânea de contos, e também uma coletânea de poemas. Ganhei com os contos. Quanto ao desdém de alguns com relação ao conto, isso é verdade. Todos vivem me cobrando um romance, embora um de meus contos tenha sido adaptado para o cinema e muitos deles sejam estudados em escolas. Adoro a narrativa curta, mas há um preconceito sobre ela, infelizmente. 
Paula: Após se aventurar por um texto mais complexo, a novela 'Cela de papel', você surpreendeu aos seus leitores publicando um livro de poesias. Afinal, em qual estilo o escritor Uili Bergamin se sente mais à vontade? Na prosa curta, no livro de maior fôlego, ou na poesia?
Uili: Para ser sincero, ainda estou tentando descobrir isso. A poesia me encanta pela concisão, pelo ritmo, pela sugestividade. O conto é uma pancada seca, arrebatadora. A narrativa longa é a trama, a resistência, um teste para qualquer escritor. Neste momento de minha vida posso dizer que é o conto o que mais me fascina, até porque meu livro “Contos de Amores Vãos”, coletânea de vinte narrativas curtas, teve ótima aceitação. É meu melhor livro, até o momento. Sou apaixonado por ele.
Paula: A par das suas atividades literárias, você também abraçou a comunicação: escreveu para jornais, apresentou programas de TV e faz resenhas literárias para a Revista Acontece Sul. Conte como é sua pauta nesses meios de comunicação: é mais voltada para a literatura e sua difusão, divulgando autores e livros, ou também aborda as novidades do mercado editorial?
Uili: Na verdade não tenho formação jornalística e em todos esses casos aceitei convites para colaborar. Não me preocupo muito com as novidades. Minha preocupação maior é com a qualidade literária do que vou resenhar, do escritor que vou entrevistar. Meu compromisso é com a literatura e sua difusão. Não importa se é lançamento ou se foi publicado.


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