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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Os Caminhos da Leitura


Parte do trabalho da estudante de jornalismo Ana Seerig, da UCS.

Novos leitores

Quatro vezes vencedor do Prêmio Anual Literário da Biblioteca Municipal Dr. Demetrio Niederauer, Uili Bergamin publicou seu primeiro livro, O sino do campanário, através do financiamento público em 2005. A obra foi a terceira mais vendida na Feira do Livro daquele ano e o conto homônimo se transformou em curta-metragem. Desde então, foram mais dez livros publicados, além de outras adaptações para cinema, teatro e dança. 
Mesmo tendo formado um público fiel, o escritor reconhece que isso é privilégio de poucos autores locais, já que grande parte dos leitores são atraídos pelas obras internacionais. "Nós temos que repensar e tentar descobrir como fazer os brasileiros lerem os brasileiros. Eu tenho um público leitor, não posso me queixar, mas ainda estou longe de poder viver disso. O que me rende dinheiro são palestras, oficinas, textos para revistas. Estamos longe de viver dos livros que se vende", observa Bergamin.
Vencedor de prêmios em todo o Brasil, além de um na Itália, o autor garante que a maior recompensa de um autor é ser lido. Homenagens e troféus, segundo ele, perdem o valor se não estiverem acompanhadas de leitores. Quanto à formação de novos apreciadores de livros, Bergamin defende que o prazer é o maior aliado para criar um leitor. "Se o mediador de leitura conseguir achar uma forma de que essa criança ache prazer nessa leitura, ela vai se tornar uma leitora pro resto da vida. Esse é o nosso desafio: direcionar uma leitura agradável para a faixa etária certa", argumenta. 
Segundo Bergamin, tornar, por exemplo, Dom Casmurro leitura obrigatória para alunos de 12, 13 anos é ineficaz, pois "uma criança não experimentou aquelas paixões do Bento, não sabe o que é um olhar de cigana, oblíqua e dissimulada, e, consequentemente, não vai entender e se identificar" com a história narrada. Além disso, a linguagem antiga dificulta a compreensão de quem não está habituado à leitura. O escritor destaca que a linguagem está em constante modificação e é necessário pensar nisso no momento de direcionar um livro a jovens leitores.

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