Há
15 anos me estabeleci em Caxias do Sul e foi aí que descobri a Feira do Livro.
Ela não era o que é hoje, mas já despertava a minha admiração. Logo me tornei fã e fiel a ela. Lembro como
se fosse hoje do Guto Nesi e do Zé do Rio declamando poemas, com seus
vozeirões, aqui na praça. Depois comprei um livro (só podia um), auxiliado por
um desconhecido que virou meu grande amigo. O livro era "O Perfume", um
dos melhores que li até hoje, e o amigo é o grande professor Décio Bombassaro.
Depois
trabalhei em livrarias aqui da cidade, e posso afirmar que conheço bem a rotina
pesada dessas bancas.
Em
2005 passei em concurso público e fui trabalhar na Secretaria da Cultura,
atuando durante anos na Biblioteca Pública. Ainda em 2005 lancei meu primeiro
livro, "O Sino do Campanário", o livro de ficção mais vendido da
Feira daquele ano, e então passei a frequentar o evento como escritor, lançando
livros, palestrando, mediando debates. Construí uma obra polimorfa, variada, e
trabalhei muito com palestras, rodas de leitura, oficinas, principalmente com
jovens. Ser escritor, na verdade, não é o que escolhi ser. Eu quis ser tanta
coisa... Ser escritor, em verdade, é o que não consegui deixar de ser.
Em
2013 e 2014, com a fusão do PPEL e da Biblioteca Pública, passei a fazer parte
da equipe que organiza a Feira. Falo com conhecimento de causa: organizar esse
evento é um trabalho sobre-humano. Tudo é extremamente minucioso e exaustivo.
Essas pessoas que fazem a Feira, todas elas, são verdadeiros heróis. Pra elas
eu peço uma forte salva de palmas.
Agora,
como Patrono, posso dizer que conheço todos os ângulos deste grandioso evento.
Estou muito, muito feliz e honrado com esta homenagem, e pretendo dar o meu
máximo para tornar essa festa ainda maior.
Em
minhas palestras, ouço com frequência a desculpa de que as pessoas não leem
porquê lhes falta tempo. E minha resposta é sempre a mesma: "Tempo é uma
questão de prioridade". Para tudo aquilo que for fundamental em minha
vida, eu arrumo tempo. Se a leitura não for primordial pra mim, jamais vai
sobrar espaço em minha agenda para ela.
Assim
acontece com a Feira do Livro. Ao longo dessa década e meia, nem tudo foram
flores. Comprei livros com os quais não me identifiquei, enfrentei temporais,
atendi pessoas não muito educadas, briguei por minhas ideias, me magoei algumas
vezes. Mas nunca, nunca deixei de frequentar essa festa. Jamais pensei em
abandoná-la, pois a Feira do Livro e a literatura são maiores do que os
administradores, do que o Patrono e do que intrigas de cunho particular e
político. Quem ama os livros e a leitura vai até eles, porque amar os livros e
a leitura é amar e apostar em si mesmo.
A
Feira e as obras literárias NÃO são finalidades em si mesmas. São veículos,
meios para nos ajudarem a ir mais longe, para nos tornarmos NÃO perfeitos, mas
melhores do que já fomos. Para sairmos do senso comum, da superficialidade, do
radicalismo, do julgamento fácil, das tendências da massa. Enfim, sairmos da
ignorância.
Todos
nós que aqui estamos lutamos pela mesma causa, que não é apenas vender e
engrossar estatísticas. Nosso intuito é formar leitores, para termos homens,
mulheres e uma cidade melhor.
Durante
os próximos 16 dias a Praça Dante se transforma em uma fortaleza de papel e de
sonhos possíveis, ONDE E QUANDO AS IDEIAS SE ENCONTRAM. As palavras, mortas ou
esquecidas, estão aí, enterradas em milhares de obras, em estado latente,
prontas para serem ressuscitadas. Eu convoco a todos para que, mesmo em meio à
crise e polêmicas mal intencionadas, nos esforcemos para reavivar as melhores palavras,
para dar a elas oportunidade de mudar nossas vidas, tornando esse evento
inesquecível e edificante. Voltemos à essência da Feira e à nossa própria essência. Voltemos a nos
preocupar com o que realmente importa.
UMA
ÓTIMA FEIRA DO LIVRO PARA TODOS NÓS.
BOA
NOITE E MUITO OBRIGADO.
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