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sábado, 2 de outubro de 2010

O Banquete

          Este poema de minha autoria, que consta no livro "Do Útero do Mundo" e que foi várias vezes premiado em concursos literários, foi escolhido para ser interpretado na Abertura Oficial da 26ª Feira do Livro de Caxias do Sul, a segunda maior do estado. Levemente alterado para a ocasião, a declamação foi acompanhada por músicos da Orquestra Sinfônica de Caxias do Sul.
          Foi realmente emocionante e a apresentação foi muito aplaudida pelos presentes.


o que segue não é feira, mas planeta
inacabado - quem entra sai mudado
como a árvore cai do fruto, póstumo, sazonado
isso não é literatura, mas tem volume
no ventre; nascerá um leitor faminto,
com fome latente de comer cada vez mais
a gula é meu fruto! eu sou o fruto
que furto, plantando faltas - de letras agora me nutro!
porque o acúmulo, ah! cúmulo!... é armazenar grãos
até incharem, estocar ânsias até as larvas,
escutar com a língua a voz que tem osso e carne
a feira é em si mesma inspiração
que além de saliva armazena esperanças
só! por isso te louvo e te bendigo, feira
porque terei muito a devolver aos vermes
melhor morrer que ser saciado, errado,
pelo alimento estocado do outro lado da página
a feira é uma fome de mundos
uma fome de estrelas.

3 comentários:

Luis Narval disse...

Excelente. A Poesia, afinal, é o que nos redime de nossas veleidades. Parabéns.

Anônimo disse...

Grato, amigo poeta.
Abraço

Uili B.

Anônimo disse...

Belas palavras, Uili...