Entrevista concedida à Raquel Machado,
escritora e blogueira:
1 - Quem é Uili Bergamin?
Um apaixonado por livros, um grande leitor, antes de
tudo. Alguém que tenta aprender e apreender o mundo através da arte,
principalmente a da palavra.
2- Você lembra quando e como surgiu a sua vocação para a
escrita?
No final do ensino médio, quando a impossibilidade
financeira e geográfica de continuar os estudos me mostrou que aquela vida não
era o bastante. A folha branca se apresentou como uma terceira via possível,
entre a mesmice da normalidade e a loucura total.
3 - Quantos livros você já escreveu? E quantos
já publicou?
A maioria dos livros que publiquei são compilações de
textos que fui escrevendo durante esses dez anos de atividade literária, como
exercício e prática. Creio que minha única obra realmente planejada foi “Contos
de Amores Vãos”, que considero meu melhor trabalho. Tenho hoje 10 livros
publicados e um inédito. Dos trabalhos publicados, dois são em colaboração com
outros autores.
4- Há algum tema específico sobre o qual você
goste de escrever.
Não há um único tema, já que escrevo para públicos bem
diferentes, desde adolescentes até adultos. O que existe é um modo de ver o
mundo, de encarar a realidade. Penso que esse olhar é bastante crítico, às
vezes irônico, no intuito de despertar o leitor para uma reflexão sobre fatos
de sua realidade e de sua vida.
5- Como você escolhe os títulos para suas
obras?
Depende muito de cada caso. Às vezes o título vem
antes do texto. Em outras ocasiões me debato para encontrar o título certo para
cada história.
6 - Como foi ver sua obra O Sino do Campanário
ir para o cinema?
É sempre emocionante ver nosso texto, aquilo que
elaboramos no silêncio e na solidão de um quarto, do escritório ou de uma biblioteca,
ganhar vida em outros suportes. Nem sempre as coisas saem como esperamos, mas
encaro isso como um aval de qualidade, já que encantou outros artistas a ponto
de quererem transformar nossa criação em outra arte, no caso o cinema. Tive o
privilégio de ver minhas obras adaptadas também para o teatro, para as artes
visuais, peças radiofônicas, espetáculos de dança e outras plataformas.
7 - Como é o seu processo criativo?
Caótico e totalmente indisciplinado. Não tenho regra
nem horário para escrever, infelizmente. É algo que tenho como meta melhorar em
mim. Meu principal desafio é arrumar tempo e ordená-lo, já que trabalho em
muitas frentes: escrevo para periódicos, ministro palestras e oficinas,
trabalho na Biblioteca Pública, participo de eventos literários. Escrevo quando
consigo, da maneira que der.
8 - Quando você escreve, já sabe qual será o desfecho da
trama ou a história dita as regras?
Também varia, assim como a escolha dos títulos. Às
vezes tenho o esqueleto pronto, e vou preenchendo com músculos, carne, órgãos,
seguindo perfeitamente o roteiro pré-estabelecido. Outras vezes a história me
surpreende e me guia por caminhos desconhecidos.
9 - Você acha que a literatura Brasileira
está sofrendo uma mudança atualmente, as pessoas estão prestigiando mais
os autores nacionais? E como anda a qualidade de nossas histórias?
Acho que tem muita gente boa escondida por aí, que
precisa ser descoberta. Alguns movimentos começam a expôr um pouco dessa
produção, mas é preciso fazer mais, movimentar mais. O leitor brasileiro ainda
olha com desconfiança para o escritor nacional e privilegia os best-sellers
estrangeiros.
10 - Você está trabalhando em algum novo projeto atualmente?
Sim, estou escrevendo outra biografia encomendada, com
previsão de lançamento para o ano que vem.
11 - Que conselho você daria a pessoas que
estão começando a escrever suas próprias histórias?
Ler muito é minha dica. Se a pessoa se propõe a
escrever poemas, tem que ler o grandes poetas. Se for romance policial, leia os
mestres. É preciso um pouco mais de humildade aos autores neófitos. Ninguém
nasce sabendo. Beber na fonte límpida é o segredo da boa escrita.
Para você:
Escrever é... me compreender melhor e compreender o mundo.
Livros são... um veículo, um meio para me ajudar nessa compreensão do
mundo.
Inspiração Literária... é só 10%. O resto é transpiração.
Um livro: O Vermelho e o Negro
Um personagem: Dom Quixote
Um(a) autor(a): José Saramago
Um Sonho... Ter meus livros traduzidos e distribuídos em vários países.
Quer deixar um recado para os leitores?
Prestigiem os autores locais. Deem livros de presente.
Livro é o presente inteligente. Dar livros para alguém é uma forma de elogiar o
presenteado.
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