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sábado, 15 de agosto de 2009

Sobre a 2ª edição de Cela de Papel

O Dom Quixote Bergaminiano

Os textos reunidos neste livro se equilibram no fio de navalha entre o que pode e o que não pode ser contado. É o limite vago entre a literatura, a filosofia e a experiência pessoal. Aqui o autor embaralha os gêneros literários sem cerimônia e convida o leitor a acompanhá-lo, enquanto se move entre a narrativa autobiográfica, a pura fantasia e até o sonho. Memória e invenção se confundem, nesta obra aparentemente fragmentária, mas que possui uma vitalidade poderosa que lhe dá unidade.
Mas serão mesmo contos as páginas deste livro? Talvez sim, embora nada tenham de convencionais. Nessa margem obscura entre o vivido e o imaginado o autor encontra (ou reencontra) seus semelhantes. Eis aqui um Dom Quixote do século XXI, em seu lugar de exílio. Eis uma escrita desconcertante, que quebra a linearidade narrativa e a formalidade estrutural do conto, tornando-se leitura obrigatória para os amantes da escrita experimental. Uma obra aberta, deliberadamente vaga, como imagem fiel da vida. Não se tenta, neste livro, concluir nada, querendo ser convincente ou arbitrário. Uili não pretende criar a ilusão de que isto é possível.
Esta é uma história de homens e de livros, uma das mais belas obras da literofilosofia contemporânea, que, conforme sugere o título, irá prender sua atenção da primeira à última linha.
Leandro Angonese - poeta

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